A Senhora Domingas Aparecida Gervário, mais conhecida como Dona Minga, rezadora de São Gonçalo, recebeu o prêmio Selma do Côco, a sexta edição deste prêmio oferecido pelo Ministério da Cultura a pessoas e grupos que se destacam na divulgação e ensino das práticas culturais, religiosas e folclóricas do país.
Trata-se da maior premiação da cultura popular realizada pelo MinC em termos de valores e número de premiados. Este ano foram investidos R$ 10 milhões – valor recorde – em 500 iniciativas que fortaleçam e contribuam para dar visibilidade a atividades culturais de todo o Brasil.
A seleção dos premiados foi conduzida por uma comissão composta por 30 membros: 15 servidores públicos e 15 membros da sociedade civil. Os critérios de seleção incluem o grau de intercâmbio de saberes e fazeres da cultura popular que tenham proporcionado aprendizado entre diferentes gerações, a relevância e a contribuição sociocultural das práticas nas comunidades em que são desenvolvidas, a capacidade de perpetuação e preservação dessas atividades tradicionais, gerando emprego e renda, entre outros.
Dona Minga é devota de São Gonçalo e herdou do Mestre Antonio Teles a missão de conduzir os grupos de rezadores. Missão esta que ela conduz com muita seriedade e respeito há mais de 30 anos. Participou com o mestre Antonio Teles de seu grupo por 10 anos. Segundo Dona Minga:” ser mestre é tomar conta do batalhão, fazer o agendamento das festas, ajudar na decoração dos andores, iniciar as rezas e tirar a procissão de todos os altares da festa. Ja participei de festas com 6 e até com 11 altares!”.
Além do grupo, Dona Minga também faz um trabalho didático na Escola do barrio de Batatuba, que tem o nome do falecido Antonio Teles. São cerca de 28 crianças que aprendem as músicas e a importância de manter a tradição e a fé em São Gonçalo do Amarante.
Selma do Côco
A cada ano, o prêmio homenageia um grande nome da cultura popular. Nesta edição, a homenageada é a cantora pernambucana Selma Ferreira da Silva, a Selma do Coco, falecida em 2015. Nascida em 1925 na cidade de Vitória de Santo Antão, deixou como principal legado a sua contribuição para a consolidação do coco, ritmo típico do Nordeste brasileiro, como referência nacional, tendo gravado cinco discos, ganhado oito prêmios – entre eles um Prêmio Sharp – e participado de festivais internacionais nos Estados Unidos e na Europa.
São Gonçalo
São Gonçalo foi padre Benedito e Dominicano, nascido Portugal, onde pregou por muitos anos em Amarante. Saiu em peregrinação pela Europa e quando voltou não teve permissão para retornar à sua Paróquia. Fez a obra da ponte de Amarante e nesta época da construção operou vários milagres. Atendia o povo e promovia bailes para evangelizar, tocando a Guitarra Portuguesa. Realizou muitos casamentos de mulheres mais velhas. Colocava pedrinhas do rio em suas botas e batia os pés como ato de penitência para não pecar. Sua tradição veio para o Brasil e mesmo com a proibição de sua dança em 1728, o povo não atendeu e a tradição continua até os dias de hoje. Também considerado padroeiro dos arquitetos e violeiros, sem nunca ser canonizado, apenas Beatificado. Em nossa região, não há um final de semana sequer, sem uma festa para o querido São Gonçalo.
As funcionárias da Secretaria de Cultura e Eventos, Rita Moura e Lilian Vogel auxiliaram na inscrição da dona Minga ao prêmio, por entenderem que a Cultura Popular de nossa cidade e região devem ser valorizadas, conhecidas e difundidas. As rezas e danças para São Gonçalo vieram de Portugal e não existem mais por lá! Possuímos um patrimônio cultural inegualável e precisamos investir e dar sustentabilidade a ele.