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Jerônimo de Camargo

Fundador da Vila de Atibaia

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“Jerônimo de Camargo, o quinto filho do sevilhano José Ortiz de Camargo e da paulista Leonor Domingues, nasceu em São Paulo, em princípios do século dezessete. Casou-se com Ana de Cerqueira, primogênita de Francisco Bueno e Felipa Vaz. Segundo Carvalho Franco (“Os Camargos de São Paulo”), Jerônimo, como todos os grandes bandeirantes da época, procurou fixar-se nas cercanias de São Paulo, em local onde pudesse desenvolver atividades agrícolas e abrigar os “gentios” que possuía. Antonio Pedroso de Alvarenga, Braz Cardoso, Paulo Pereira, Pedro Fernandes, Mateus Luiz Grou, Francisco Rodrigues Velho e seus irmãos, e muitos outros bandeirantes notáveis já estavam estabelecidos em terras de além Juqueri. Jerônimo e seu irmão Marcelino deliberam explorar aquela região afundando para as bandas do rio Atibaia; tinham eles os seus planos já formados. Entre 1654 e 1660, numa de suas viagens, Jerônimo atingiu, via Caiossara, bairro já habitado, a região deserta de um planalto situado entre a serra do Itapetinga e o rio Atibaia, Demarcado esse planalto, a fim de garantir prioridade da posse, retrocede pelo mesmo caminho, regressando a São Paulo, onde trata de organizar a sua caravana, e, mais uma vez retorna, pelos caminhos de Juqueri, ao local assinalado. Até o bairro de Caiossara a viagem é sofrível; dali em diante não há senão vestígios de trilhos; para avançar é preciso abrir picadas através da mata virgem, mas, o Camargo, bandeirante experimentado, não se intimida; organiza a turma de batedores e vai desbravando a mataria. A caravana depois de muitos dias exaustivos, atinge as imediações do planalto, onde meses antes Jerônimo de Camargo deixara os marcos de sua passagem. Os batedores, pesquisandoо lado sul, encontram um veio de águas cristalinas (a atual fonte do Rosário); pouco acima da nascente faz-se o arranchamento. As forquilhas das árvores sustentam cumieiras de ranchos improvisados, enquanto uma espiral de fumo denuncia a violência dos “civilizados” contra o sertão virgem daquelas paragens. O bandeirante verifica o calendário de bolso: 24 de junho, dia em quе a cristandade reverencia um dos seus maiores mártires, São João Batista. Cessa o trabalho em homenagem ao Santo – padroeiro da Fazenda de Jerônimo de Camargo, desde aquele dia. Os ranchos, construídos de paиa-pique, e cobertos com folhas de palmeiras, vão se alinhando um aa um. Desenha-se, mais além, o quadrado irregular da primeira “roça” a ser plantada. E a derrubada das árvores continuа; е as queimadas de agosto, e as primeiras chuvas da primavera em setembro. A roçа está plantada. Jerônimo volta a São Paulo; organiza nova caravana e deixando passar o “período das águas” retorna à fazenda São João. Em frente à casa principal da fazenda, levanta-se a capelinha com a imagem do patrono entronizada no altar de tábuas lavradas. Em junho de 1665 o padre Mateus Nunes de Siqueira celebra a primeira missa em terras atibaianas. Jerônimo de Camargo e padre Mateus são amigos e juntos realizaт na fazenda o “assentamento” dos gentios já catequizados: “o dito gentio estava em povoado e termo desta vila (São Paulo) na paragem chamada Atubaia e que o reverendo padre entregava o dito gentio a eles Oficiais para que formassem aldeia; assentaram que se fosse tomar posse do dito gentio e se lhe formasse aldeia na mesmа paragem donde estão.”

Registro na Câmara Municipal de São Paulo, 03/07/1665.

Imagem do livro “Uma História de Atibaia” de Adriano Bedore
A imagem acima inclui os anos de emancipação de cada município

Auto da criação da nova vila de Atibaia

(grafia atualizada)

“Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, em 1769, aos cinco dias do mês de novembro do mesmo ano, neste arraial de São João de Atibaia, desta comarca e distrito que foi, da cidade de São Paulo, aonde foi vindo o doutor Salvador Pereira da Silva, Ouvidor Geral e Corregedor, comigo escrivão do seu cargo, ao diante nomeado, para o efeito de fundar ou criar em vila e levantar Pelourinho nele por uma Portaria do Exmo. Sr. D. Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão, do teor e forma seguinte: PORTARIA – Porquanto Sua Majestade que Deus guarde foi servido ordenar-me, nas Instruções de 26/01/1765 e em outras Ordens que ao depois fui recebendo, que era muito conveniente ao seu Real Serviço, que nesta Capitania se erigissem Vilas aquelas Povoações que fossem mais próprias para o dito feito, e porque uma das mais que se distinguem nos requisitos necessários para receberem a honra do nome de Vila é a Povoação de São João Batista de Atibaia, a respeito da qual foi Sua Majestade servido em virtude das representações que lhe fizeram os Oficiais da Câmara desta Cidade […] Ordeno ao Doutor Ouvidor e Corregedor desta Comarca que, na forma do referido termo, de que a esta se juntará a cópia, faça erigir em Villa a Povoação de São João de Atibaia, levantando-lhe pelourinho, sinalando-se o lugar para edificarem os Paços do Concelho e Cadeia, comо também me proporá as pessoas mais capazes para Juízes e Vereadores para eu nomear os que servirão neste primeiro anо, na forma das ordens que tenho.” […]

“O pelourinho foi levantado em 05/11/1769, com a costumeira ротра, aclamando todos os moradores o nome de El-Rei… […] Levantado o pelourinho, tratou o doutor ouvidor Salvador Pereirada Silva, da casa para a cadeia e paços do Concelho da Vila recém criada. Achou o ouvidor que melhor seria comprar uma casa já construída. Encontrando o edifício, que tinha sido do falecido Cipriano da Costa, lavrou-se o auto de assinalação da Cadeia e Câmara… […] Estava Atibaia eтpleno regime autônomo, com pelourinho, com casas para Cadeia e Câmara Municipal e finalmente como seu corpo de vereadores nomeado pelo Morgado de Mateus, conforme o termo de eleição dos juízes e mais oficiais da Câmara: […] pelo Doutor Ouvidor Geral e Corregedor Salvador Pereira, foram nomeados: […] para juízes Antonio G. da Cunha e o Cap. Domingos Leme do Prado; para vereadores, João Franco Viegas, Francisco Xavier
Cezar e o Cap. André Pereira de Meirelles; para Procurador do Concelho, Manoel de Barcellos e para Tabelião do Judicial e Notas e mais Anexos, Ignácio A. da Silva.”

Foto gerada por Inteligência Artificial tendo em vista que não há qualquer registro de imagem de Jerônimo de Camargo