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Renato Zanoni

Há pessoas que simplesmente passam pelos lugares e presenciam fatos. Outras os imprimem e transformam em arte, e dali contam casos e crônicas. São aqueles dotados de especial sensibilidade, como Renato Zanoni que consegue colorir a mais corriqueira cena, tanto com o pincel, quanto com a caneta. Com a pintura, passa por fases de alta produtividade e de repente passa um ano sem dar uma pincelada. Pinta telas estritamente acadêmicas, ou tem fases de pintura tropicalista. Navega em marinhas ligeiras ou pássaros realistas. Escreve crônicas da vivência imediata ou reminiscências da cidade. Poesia e haicais. Renato relembra : “Minha mãe tinha na leitura uma obrigação diária. Teve a sorte de ser vizinha da Casa Paroquial de Jarinu, e leu todas as bibliotecas dos padres. Legou aos filhos o amor pelos romances e jornais.”

BIOGRAFIA

Nascido em Jarinu (SP) em 1932. Filho de Edmundo Zanoni e Amélia de Oliveira. Em 1.938 sua família mudou-se para São Paulo, e moravam no distrito da Lapa. Depois – durante a II Guerra – residiram no Ipiranga. Com sua tia Julieta Zanoni freqüentou assiduamente o Museu do Ipiranga, e faziam passeios no Pátio do Colégio e ao Horto Florestal, familiarizando-se com a casa da Marquesa de Santos e com o trem que saia da Rua João Caetano para o horto. Em 1.946 sua família mudou para Atibaia. Seu pai e seu irmão Moacyr Zanoni eram agrimensores, carreira que seguiu – como faziam os filhos de italianos (seguir a profissão do pai).

Casou-se com Ida do Amaral, e tiveram os filhos Ana Lúcia e José Roberto. Trabalhava nos campos e foi tomado por grande amizade pela natureza. Em 1.976 fez uma viagem para Salvador – com o amigo e incentivador José Roberto Lopes Barreto, homem de grande erudição histórica, conhecedor de imagística brasileira, barroco e colonial, e folclorista –, visitando e estudando 32 igrejas barrocas, apaixonou-se pela arte barroca. Adquiriu livros sobre o barroco, estudando igrejas de São Paulo, Santos, Itu, Porto Feliz, Caeté, Sabará, Catas Altas, São João Del Rei, Tiradentes, Mariana, Ouro Preto, Parati, Iguape, Rio de Janeiro, etc. Em seguida pintou telas de paisagens, desenfreadamente. Dedicou-se a poesia e contos – ganhando vários concursos de contos de Atibaia. Haicais e vinhetas. Fez um curso de direito, mas continuou trabalhando na agrimensura. Apaixonado pelos romances paulistas – Dinah Silveira de Queiroz, Paulo Setúbal, Menotti Del Picchia. Intimado por uma amiga – Maria Aparecida Flórido Raphaelli da Silva – resolveu escrever. Avaliando seu amadurecimento, na escutas de conversas da família, dos sitiantes, dos congos e dos ex-escravos que conheceu na infância, e nos maravilhosos e melancólicos relatos de Gilberto Freire, escreveu o romance “Degelo no Trópico”, saga de uma família de alemães que em 1.913 partem da Baviera, para viverem em São Paulo. Depois escreveu “A Santa Barroca”, romance que tem como personagem uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, que passa nas mãos de várias gerações, embora seja a santa de madeira inanimada, tudo é contado ao seu redor. Escreve atualmente um roteiro para filme, denominado “Expresso para São Paulo”(título registrado), tendo na trama da primeira viagem do trem, depois da Revolução de 1.932, um ladrão que volta para a terra natal, com as jóias da campanha do “Ouro para o bem de São Paulo”, resgatadas do Palácio do Catete, do Rio.

Mas a grande popularidade atual de Renato Zanoni é a sua pesquisa no jornal “O Atibaiense” fundado em 1901. Sua coluna semanal trouxe à vista dos cidadãos da terra, suas próprias origens, trabalho científico muito apreciado pelos leitores. Esse fato fez com que ficasse conhecido como historiador, coisa que nega, achando seus estudos com envergadura muito frágil para se denominar expert em História.

Relembrou, na sua coluna, dos méritos de vultos da política atibaiana, como sejam o Major Juvenal Alvim e seu filho José Pires Alvim e José Bim. Do batalhador da oposição Álvaro Correia Lima. Reviveu a construção da Estrada de Ferro e da Rodovia. Descobriu a data da chegada do primeiro automóvel e do primeiro avião. Da primeira Miss Atibaia e a veracidade sobre o caso do cego que consertava relógio.

Ao completar 68 anos adoeceu seriamente. Não se descobria a sua moléstia. Internado no Hospital Novo de Atibaia, prostrou-se no leito, angustiado e febril, e todo o corpo clínico se movimentou na sua cura. O hematologista Isolmar Tadeu Schettert, descobriu que o seu mal era uma endocardite. O cardiologista Adjair Humberto Forti lutou contra o mal na sua cabeceira, de parceria com o pneumologista Luciano Carvalho. Na necessidade de uma cirurgia do coração, teve o apoio de todos de sua família. Seus sobrinhos Moacyr Zanoni Junior, Amélia Lozano, Helena de Barros, Heloísa de Barros de Camillis e Salete Tebecherane e outros, se desvelaram pela cura do tio. No Amigo José Roberto Lopes Barreto nessa ocasião, redescobriu o valor de uma grande amizade. Os médicos do Hospital Novo devolveram Renato Zanoni para as ruas de Atibaia.

Sua devoção pelo Espírito Santo foi muito valorosa nessa passagem de vida.

Seus planos, além da advocacia especializada em terras, é de pintar uma nova fase com temática colonial e expor uma individual. Seus romances continuam inéditos por falta de recursos financeiros para editar. Mas Renato não se lamenta, diz que lugar de romances é mesmo no armário, todos os livros terão esse triste destino.

Amante da música, aprecia tudo de Mozart, de Brahms (Concerto para violino, violoncelo e orquestra op. 102), de Schubert (Sinfonia nº 3) e alguma coisa de Sibélius. Na música popular aprecia Paula Ribas, Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Célia Cruz e Zizi Possi, e Inezita Barroso, Pena Branca e Xavantinho, o Satter e o Falcão.

Mensagem : “No tombo, não chorar, dar a volta por cima, ter fé e seguir os Dez Mandamentos – quando for possível”